Comunidade Virtual

A definição de comunidade varia muito, mas há acordo quando se diz que - em contexto educactivo - a comunidade é evidenciada numa turma em que os estudantes são cooperativos e partilham ideias pessoais e académicas. A comunidade é constituída através de um fórum de discussão ou alguma outra forma de conferência em rede, ao qual os estudantes têm acesso em qualquer momento. Em alguns casos a comunidade funciona através de ambientes de “chat” sincronizados, e-mail ou através de alguma forma de combinação de métodos de comunicação.

Alguns investigadores definem comunidade directamente, enquanto outros estão mais interessados na colaboração ou discurso, sendo a comunidade um resultado indirecto.

Woodruff (2001) acha que a comunidade “se mantém unida por quatro factores de coesão: função, identidade, participação discursiva e valores partilhados” (p. 158). Ao rever concepções de comunidade.

Rovai (2002) cita definições anteriores, não dirigidas à aprendizagem online, que identificam os elementos essenciais da comunidade como sendo: “espírito, confiança, interdependência mútua entre membros, interactividade, valores e crenças partilhadas e expectativas comuns” (p. 198). Mais tarde, define o mesmo conceito como consistindo de dois componentes: sentimentos de ligação entre membros da comunidade e comunhão de expectativas de aprendizagem e objectivos... A comunidade é mais forte quando os alunos uma ligação aos colegas e ao professor, quando se sentem aproximados e comunicam entre si, quando há partilha de interesses e conhecimentos, quando há confiança e entreajuda, quando lutam por objectivos de aprendizagem comuns. (p. 322)

Riel (2000) define uma comunidade de aprendizagem como um grupo de pessoas que tem um interesse tarefa ou problema comum, que respeita o ponto de vista de cada elemento, que têm a vontade e o sentido de trabalho cooperativo, quando transmitem os seus conhecimentos de modo a que se cheque à produção de um determinado objectivo. (p.8)

Riel e Fulton (2001) descrevem a participação dos estudantes numa comunidade de aprendizagem: Os estudantes aprendem a trabalhar em equipas e aprendem como agir relativamente ao funcionamento das equipas… cada membro da equipa contribui de alguma forma para o resultado. Isto torna os estudantes de uma comunidade de aprendizagem interdependentes… O conhecimento distribuído é um bloco de construção para tais comunidades de aprendizagem. ( Web print-out).

Palloff e Pratt (1999) sugerem que uma comunidade online de sucesso inclui interacção activa envolvendo tanto o conteúdo do curso como comunicação pessoal, aprendizagem colaborativa demonstrada por comentários dirigidos primeiramente de aluno a aluno em vez de aluno a instrutor e significado socialmente construído demonstrado pelo acordo ou questionamento com a intenção de atingir concordância em questões de significado (p. 32).

Eles sugerem que os estudantes precisam de espaço de “comunidade” que inclua contacto social e emocional, bem como intelectual e académico. Identificam seis elementos chaves para a criação de uma comunidade de aprendizagem: honestidade, receptividade e cooperação (responsiveness), relevância, respeito, abertura e capacitação (empowerment). Argumentam que o desenvolvimento de uma comunidade é indispensável para o sucesso de cursos online devido ao seu papel essencial na aprendizagem activa online. Como evidência de comunidade, eles assinalam expressões de apoio e encorajamento entre alunos, bem como a disposição para avaliar criticamente o trabalho de outros.

Para os investigadores e praticantes que adoptam teorias actuais de aprendizagem, as aulas online sem colaboração ou comunidade são modelos de transmissão não desejáveis, que se focalizam mais na distribuição da informação do que na construção do conhecimento. Os investigadores incluem uma componente de interacção entre estudantes como um ingrediente fundamental de comunidade em aulas online. Esta terá que incluir interacção sobre o conteúdo do curso que irá mais além do que disponibilizar as ideias de cada indivíduo aos outros. Embora haja algum nível de concordância entre definições de comunidade e colaboração, estes são constructos que não são uniformes ou claramente definidos. Por exemplo, não há fronteiras nítidas entre colaboração e comunidade em nenhum dos estudos anteriormente citados.

Distância Transaccional

Introduzida em 1980 por Moore como forma de envolvimento de estudantes em cursos de educação à distância, a distância transaccional foi definida como função do diálogo e da estrutura. Para Moore, uma distância transaccional mais pequena implicava maior envolvimento do estudante. Mais diálogo entre estudantes e instrutor seria indicativo de uma menor distância transaccional, por outro lado quanto maior a estrutura providenciada pelo instrutor, menor seria o controlo do estudante sobre a sua aprendizagem implicando um menor compromisso com o conteúdo, logo uma maior distância transaccional.

Moore e Kearsley (1996) estabeleceram a hipótese de que um terceiro factor, a autonomia do estudante, interagiu com o diálogo e a estrutura, formando assim um modelo útil para compreender o papel do aprendiz na educação à distância, um modelo ao qual chamaram a teoria da distância transaccional. A autonomia seria o nível do controlo do aluno sobre o planeamento, execução e evolução do seu próprio trabalho.

Saba e Shearer (1994) testaram o conceito de distância transaccional, através de um modelo dinâmico, em que a distância transaccional aumentava com os aumentos de diálogo e diminuía com os aumentos da estrutura. Verificaram também que o controlo do instrutor determinava valores para a estrutura enquanto que o controlo do aprendiz determinava os valores para o diálogo.

Garrison e Baynton (1987) exploraram e estudaram o conceito de autonomia do estudante e sugeriram que é uma função de independência, poder e suporte. Identificaram também elementos da estrutura do curso que levaram a menos autonomia para o , incluindo o aluno, incluindo o ritmo do curso, os objectivos, e frequência e proximidade de comunicação.
Garrison e Baynton sugeriam que as dimensões usadas para a autonomia (independência, poder e suporte) e os próprios elementos da distância transaccional (diálogo, estrutura e autonomia), estão interligados de forma bastante complexa, levando à conclusão que os aumentos da estrutura nem sempre significam perdas de autonomia.

Em qualquer forma de ensino, a distância transaccional pode variar consoante a organização e forma como o curso é disposto. Uma maior distância transaccional é característica de aulas sem discussão, já que implicam uma elevada estrutura e um diálogo baixo, enquanto que as discussões síncronas têm menor distância transaccional e implicam uma baixa estrutura e um elevado diálogo.